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Intensificar ações em nome da convivência harmônica entre motoristas, ciclistas, motociclistas e pedestres. É preciso investir na reeducação no trânsito.
Wilame Prado
Muita gente diz não gostar de motociclistas. No turbulento trânsito verificado nos horários de pico, a rua vira palco de guerra e, de maneira absurdamente insana, motoristas de carros e motos disputam espaços milimétricos quase à tapa.Com suas vantagens, entre elas a agilidade, o ''ganhador'' desta batalha caótica, pelo menos na competição de quem vai chegar primeiro, quase sempre é a moto.
Quase sempre, diga-se claramente. Isso porque, também é comum encontrarmos motociclistas com suas motos estatelados no chão, agonizando, muitas vezes, ou, no mínimo, sentindo dores lamentáveis por conta de uma perna quebrada, um braço ralado, um tornozelo torcido.
São muitas as cenas cruéis na guerra do trânsito. Há feridos nesta guerra.
E, ao contrário do que muitos motoristas pensam, não existem vencedores nessa ridícula luta desumana.
Com os retumbantes e desanimadores números das estatísticas de trânsito, em que, pelo menos em Maringá, mais de 50% dos óbitos registrados nos últimos três anos são de envolvidos em acidentes de moto, chegou a hora de dar um basta nisso tudo.
Ao invés de simplesmente multar aquele que não percebeu uma seta queimada, é preciso intensificar as ações em nome da convivência harmônica entre motoristas, ciclistas, motociclistas e pedestres: é preciso investir mais na reeducação no trânsito.
Começar do zero e repensar o modo como as pessoas se portam frente a uma direção automotiva são atos providenciais para que haja paz nas ruas.
Para isso, uma das possíveis soluções foi pensada por Carlos Roberto, conhecido por Beto, instrutor de pilotagem defensiva para motociclistas.
Com apoio do Centro Educacional de Trânsito Honda (CETH), nos últimos anos ele vem encabeçando uma série de campanhas, treinamentos, cursos e palestras que tem como público os motociclistas e que auxilia na conscientização da importância de se pilotar defensivamente.
Atualmente, circulam pelas ruas de Maringá mais de 50 mil motocicletas. Até o mês de julho deste ano, das 3.503 vítimas atendidas em acidentes no município pelo Siate, 2.838 (81%) se feriram em acidentes envolvendo motocicleta. Diante desses números assustadores, Beto considera de extrema importância investir em ações de reeducação no trânsito, principalmente para os motociclistas. Para ele, a campanha Tolerância Zero é válida, mas diz que só isso não basta.
''Na campanha preventiva que fizemos em Cianorte, que em 2008 era uma das cidades que tinha o trânsito mais violento do Paraná, conseguimos reduzir consideravelmente os índices de acidente. Outra campanha que surtiu efeitos foi realizada na Cocamar. Em 2008, foram registrados 10 acidentes de funcionários no trajeto entre a casa e o trabalho. Depois da campanha, de sete cursos desenvolvidos no ano de 2009, apenas um acidente foi registrado'', comenta Beto.
O instrutor, um confesso defensor da classe, diz que não se pode sair por aí acusando os motociclistas de imprudentes. Para Beto, falta mesmo é conhecimento ¿ conhecimento da moto e da maneira correta de se pilotar.
''O motociclista tem que ter bons vícios na condução. Para começar, cerca de 99% das pessoas chegam à autoescola já pensando, de forma errada, que sabem pilotar corretamente a moto e, por isso, nem escutam direito o que o instrutor está propondo ensinar. Muitos querem somente a permissão, o quanto antes, para dirigir pelas ruas'', ressalta.
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