Folha de Pernambuco - PE
Veículos lideram o ranking de convocações, com 51 chamados
A prática de recalls - isto é, convocação de produtos feita por fornecedores para reparar defeitos de fabricação - está se tornando mais comum no Brasil. Entre 2009 e 2010, o número de chamamentos cresceu 30%, de acordo com dados do Ministério da Justiça (MJ).Para o coordenador-geral de Assuntos Jurídicos do Departamento de Proteção e Defesa do Consumidor (DPDC) do MJ, Amaury Oliva, o fato reflete uma maior ''maturidade'' dos fabricantes.
''Durante muito tempo, o recall foi visto como algo negativo. Claro que preocupa, mas temos que pensar nisto como uma solução. É melhor ter do que não ter. É o que as empresas estão fazendo'', afirma. Ele também atribuiu o aumento de chamados para reparos à expansão do consumo. ''Quanto mais produtos tiver no mercado, maior é a probabilidade de erros''. Oliva destaca, ainda, que a quantidade de convocações no Brasil não é tão grande quando comparada a outros países. ''Na Austrália, por exemplo, a média é de 30 recalls por mês''.
A liderança do ranking de produtos que mais apresentam falhas no País fica por conta dos carros. Apenas no ano passado, foram 51 recalls, atingindo cerca de um milhão de veículos.
Em 2009, foram 36, somando 460 mil automóveis. Motos ocuparam a segunda colocação, tanto em 2010 - quando houve 12 chamados, totalizando 350 mil unidades reparadas - quanto no ano anterior - em que foram registradas oito convocações, abrangendo 270 mil motos.
Especificamente sobre o crescimento de recalls de veículos, o consultor da Sociedade de Engenheiros da Mobilidade (SAE Brasil), Francisco Satkunas, lembra que ''os automóveis estão cada vez mais sofisticados, com novas tecnologias, que ainda estão sendo aperfeiçoadas''. Além disso, ele observa que a crise financeira mundial de 2008 mexeu na cadeia produtiva de veículos e, consequentemente, com a qualidade dos produtos. Carro de Iglesias já passou por dois recalls.
O estudante Bruno Iglesias, 20 anos, precisou fazer recall do seu carro duas vezes, em 2009 e no ano passado. ''Na primeira, chegou uma carta na minha casa informando do problema. Na outra, vi um anúncio no jornal. Logo que vi a necessidade dos consertosprocurei o fabricante. Quero deixar o carro em bom estado para quando quiser vender'', conta. Ele diz que o fornecedor não teve o cuidado de explicar os motivos dos reparos,mas ressalta que não teve dor de cabeça, apesar de reconhecer o incômodo. ''Os dois foram rápidos e não me prejudiquei. Na primeira vez até aproveitei para fazer a revisão''.
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